Artigo publicado no Jornal Correio* no dia 13 de janeiro de 2020
Setembro de 2013. Dentre os inúmeros desafios que se apresentavam após décadas de administrações irresponsáveis no Bahia – para dizer o mínimo –, um demandava atenção especial: desvendar a situação patrimonial do clube.
Dois anos antes, ainda na gestão do ex-presidente destituído pela Justiça, o Bahia tinha acertado fazer uma permuta em que entregaria o Fazendão e receberia a Cidade Tricolor. Negócio que se revelou uma farsa após a intervenção, já que a diretoria antiga teria assumido, através de aditivos nebulosos e até então desconhecidos pela torcida, a obrigação de pagar quase R$ 15 milhões adicionais, além de entregar o seu CT histórico. A realidade era preocupante.
O Esquadrão não só não tinha recebido a propriedade da Cidade Tricolor como havia transferido a propriedade do Fazendão – que, para piorar, estava servindo de garantia para um empréstimo contraído pela empresa responsável pela construção do novo CT. O Bahia era mero “posseiro” e ficava, naquele momento, sem nenhum patrimônio em seu nome.
O imbróglio era complexo e a solução desafiava medidas negociais e jurídicas arrojadas. As tratativas para resolução do problema ocorreram durante as duas primeiras gestões democráticas do clube. Foi necessário ingressar com medida judicial para que então, só em dezembro de 2016, houvesse uma solução definitiva. O Bahia conseguiu retomar a propriedade do Fazendão e precisou comprar a Cidade Tricolor.
Superada essa primeira etapa, havia ainda outro grande obstáculo: viabilizar a utilização do novo equipamento. Problemas construtivos somados aos anos sem manutenção exigiam uma série de intervenções civis para que o local pudesse ser habitado. Além disso, era preciso investir em mobiliário e equipamentos adequados, resolver questões logísticas, regularizar tributos atrasados…
Se 2018 foi um ano voltado para o planejamento das obras, 2019 foi de mão na massa para tornar realidade a Cidade Tricolor. Após um ano de trabalho e R$ 10,5 milhões na reconstrução e em equipamentos, tivemos a satisfação de, neste já histórico 11 de janeiro de 2020, entregar à Nação Tricolor o seu novo Centro de Treinamento, um dos cinco melhores do país, que reflete a grandeza do Esporte Clube Bahia e de sua torcida. Ao todo, incluindo os valores do acordo judicial, o investimento chegou a cerca de R$ 35 milhões.
Mais do que um símbolo do renascimento do nosso Tricolor, o CT Evaristo de Macedo é a materialização da força da democracia do clube. Não fosse ela, não vivenciaríamos um presente de tantas alegrias nem vislumbraríamos um futuro tão glorioso.
Viva a democracia. Obrigado, Nação: isso é para vocês.
*Vitor Ferraz é vice-presidente do Esporte Clube Bahia
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