Ontem, a partida Bahia 0x0 Palmeiras ofereceu fortes emoções num duelo bem disputado, projetando daí indefinições no tocante a quem avança às semifinais da Copa do Brasil. Mas o mundo esportivo consensualiza que a atração maior deste jogo não foi necessariamente Régis ou Edu Dracena. Tampouco Zé Rafael ou Bruno Henrique. Todas as atenções estavam voltadas para o importante passo evolutivo na história da arbitragem a partir deste encontro entre tricolores e os paulistas. Trata-se da implantação do VAR (sigla inglesa para denominar os já famosos árbitros de vídeo). Coube a esse confronto pela primeira vez no Brasil o surgimento da necessidade efetiva desse recurso. Uma reinvindicação histórica no futebol mundial, que ao longo de décadas colecionou incontáveis desfechos aquém do que deveria em partidas e campeonatos por conta de análises técnicas das regras do esporte de forma errônea, e até mal intencionada dos juízes. Tivesse o VAR presente de há muito, por exemplo, a Copa do Mundo de 1966 na Inglaterra, vencida pelos anfitriões certamente teria seu desfecho alterado. O encerramento do Campeonato Brasileiro de 1980 e 2005 indubitavelmente encaminhariam os troféus para bem longe da Gávea e do Parque São Jorge, respectivamente. E para os eufóricos da novidade que fez sucesso recentemente no Mundial da Rússia, o VAR pode não resolver em definitivo todas as reclamações de atletas, treinadores e torcidas prejudicadas, mas funcionará desde então como importante atenuante das queixas.
E tal recurso será capaz de reconfigurar culturas e comportamentos sedimentados no futebol. Clubes de pequeno e médio porte estarão mais protegidos em confrontos com associações mais prestigiadas pela mídia, federações e a CBF em suas reinvindicações por uma arbitragem justa. Daqui por diante até dirigentes de clubes terão que rever seus conceitos, já que sempre usaram supostos erros de arbitragem em profusão como desculpas esfarrapadas, encobertando assim suas incompetências que resultaram em fracassos dos times por eles montados visando à temporada.
No já supracitado jogo, se por um lado Anderson Daronco (arbitro central) quase prejudica o Bahia mais uma vez distribuindo cartão vermelho injustamente ao volante Gregory, por outro, Leandro Vuaden cumpriu o seu papel na sala do VAR, ajudando a refazer o que seria uma patacoada e atenuando o estrago que ele mesmo causou no BA-Vi de 2016, contribuindo assim como Daronco para a retirada de um titulo que teria que tomar o caminho do Fazendão.
Certo mesmo é que o VAR chegou firme e para ficar no futebol brasileiro… para desespero de são paulinos, palmeirenses, santistas, e principalmente de corintianos e flamenguistas.
Não é a toa que, atenta a isso, a Rede Globo vinha fazendo campanha pesada contra o VAR ainda durante a Copa do Mundo, com argumentos pífios de que o time da CBF vinha sendo prejudicado por esse recurso. Claro que a FIFA comprovou que todos os lances que precisou do VAR foi desenvolvido com o devido sucesso.
Queiram ou não, há de se dar as boas vindas (tardia) a esse dispositivo que resinificará e muito o cumprimento correto e justo das regras do futebol no Brasil e no mundo. Até porque, se por um lado alguns clubes não desejam ser beneficiados, por outro ninguém quer ser prejudicado ou garfado pelas arbitragens.
Por Wil Santos – Membro da Revolução Tricolor
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