As mulheres sempre estiveram ligadas à história vencedora e de luta do Bahia

Em 1931, o Bahia foi fundado em meio ao efervescente rescaldo da “Revolução de 1930″. Nessa mesma época chegava ao Brasil um novo movimento vindo da Europa, o qual incentivava as mulheres a intervirem de forma ativa na política, através do voto. Este novo pensamento libertário foi denominado de movimento Sufragista.

Um ano após a fundação do Esporte Clube Bahia, mas precisamente em fevereiro de 1932, ocorria o marco na história da mulher brasileira. No código eleitoral Provisório (Decreto 21076), de 24 de fevereiro de 1932, durante o governo de Getúlio Vargas, o voto feminino no Brasil foi assegurado, após intensa campanha nacional pelo direito das mulheres ao voto. As mulheres conquistavam, depois de muitos anos de reivindicações e discussões, o direito de votar e serem eleitas para cargos no executivo e legislativo. Fruto de uma longa luta, iniciada antes mesmo da Proclamação da República, foi ainda aprovado parcialmente, por permitir somente às mulheres casadas, com autorização dos maridos, e às viúvas e solteiras que tivessem renda própria, o exercício de um direito básico para o pleno exercício da cidadania. Em 1934, as restrições ao voto feminino foram eliminadas do Código Eleitoral, embora a obrigatoriedade do voto fosse um dever masculino. Em 1946, a obrigatoriedade do voto foi estendida às mulheres.

A primeira mulher a ter o direito de votar no Brasil foi Celina Guimarães Viana. E isso bem antes do Código Eleitoral de 1932. Aos 29 anos, Celina pediu em um cartório da cidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte, para ingressar na lista dos eleitores daquela cidade. Junto com outras seguidoras, Celina votou nas eleições de 5 de abril de 1928. Formada pela Escola Normal de Natal, Celina aproveitou a Lei n◦ 660, de outubro de 1927, que estabelecida as regras para o eleitorado solicitar seu alistamento e participação. Em todo o país, o estado potiguar foi o primeiro a regulamentar seu sistema eleitoral, acrescentando um artigo que definia o sufrágio sem ‘distinção de sexo’. O caso ficou famoso mundialmente, mas a Comissão de Poderes do Senado, não aceitou o voto. No entanto, a iniciativa da professora marcou a inserção da mulher na política eleitoral brasileira.

Esses novos ideais igualitários levaram as mulheres a novas reflexões estimulando a participar de forma mais ativa, em todas as esferas da sociedade a época. E um dos segmentos que contou com a nova presença foi futebol.

No Bahia o primeiro registro da participação efetiva das mulheres ocorreu em 22 de Novembro de 1931, para comemorar o seu primeiro titulo, o Esporte Clube Bahia promoveu um piquenique em São Tomé de Paripe. Em um domingo, às 07h30, três marinetes partiram da praça do Elevador. Uma locação sob a batuta de Julinho da Divina Pureza levava 70 pessoas entre diretoria e convidados, na segunda Marinete foi a fuzarca, tocando tiradas de choro e samba. Na terceira estava o corpo feminino formada por dezenas de mulheres que já demonstravam uma imensa paixão pelo novo clube que acabara de se tornar Campeão do Torneio Início e Campeão Baiano invicto, no seu primeiro ano de fundação. Em um local chamado de “reco-reco” de São Tomé de Paripe ao som de sambas como “Com que roupa?”, “Rancho fundo se formava a torcida feminina que estava predestinada a amar e a torcer pelo clube que faria jus à expressão “Nasceu para vencer”. Fato esse registrado no livro “Bahia, Esporte Clube da felicidade, 70 anos de glórias, escrito por Nestor Mendes Júnior.

As mulheres sempre estiveram ligadas à história vencedora e de luta do Bahia e mais recentemente contribuíram de forma ativa na luta pela redemocratização do clube. O grupo Revolução Tricolor sempre defendeu a maior participação das mulheres na vida política do clube, quer seja sugerindo campanhas que valorizem a associação do público feminino, bem como, incentivando a participação efetiva na vida política da nossa amada agremiação. Votamos a favor durante a reforma do estatuto, em artigos que tinham como premissa a maior presença das mulheres no Conselho Deliberativo. Lutamos para o aumento da participação das mulheres no quadro social do clube. Para que possamos continuar avançando de forma harmônica e uníssona, promovermos um Bahia mais FoRTe.

Parabéns a todas as tricolores, e em especial, àquelas que acreditaram que a mudança é mais rápida através da associação ao clube. E que possamos comemorar ainda mais triunfos nos próximos anos, que a alegria feminina esteja presente nos estádios e nas casas dos tricolores espalhados pelo mundo.

Por Nélio Teles de Menezes