As duas últimas rodadas não foram nem um pouco interessantes para o Bahia: perdemos para dois times tecnicamente inferiores e vimos nossas chances de classificação para a Libertadores serem consideravelmente reduzidas (embora elas ainda existam e nosso papel seja acreditar até a última rodada).

Evidente que todo torcedor do Esquadrão ficou um tanto frustrado, e com razão. Mas cabe a pergunta: qual a última vez em que ficamos chateados pelo fato de o Bahia se afastar da briga por uma vaga na Libertadores da América?

Faz muito tempo.

A nossa frustração de hoje é bem diferente (e bem melhor) da que tivemos que enfrentar em outros anos. A última campanha mais ou menos decente do Bahia numa Série A do campeonato brasileiro foi em 1994 (há 23 anos!), quando ficamos na sétima posição. De lá pra cá, nossa luta passou a ser contra o rebaixamento ou, quando este era inevitável, para subir no ano seguinte. Ficar na Série A ou voltar para a Série A eram nossas maiores alegrias.

Mas em 2017 a coisa foi diferente: além de cumprir com êxito a tarefa de permanecer na primeira divisão (prioridade número um), fizemos a melhor de nossas campanhas da era dos pontos corridos –e isso num ano em que acabávamos de voltar à elite.

Evidente que não ser rebaixado ou, no máximo, garantir uma vaga para a Sul-Americana ainda é pouco para o Esquadrão. Queremos que o Bahia, que sempre foi gigante fora das quatro linhas, seja grande também dentro delas. Desejamos que a disputa pela parte de cima da tabela se torne uma rotina.
 
Mas a parcela consciente de nossa torcida sabe que isso não é trabalho do dia pra noite. Faz pouco tempo em que resgatamos o Bahia das trevas e, analisando sob uma perspectiva histórica, avançamos consideravelmente nos últimos anos. O Clube que temos hoje está mais preparado para os desafios do futuro do que aquele que encontramos em 2013, ano da intervenção, ou 2014, quando a atual diretoria foi eleita.

Pela primeira vez em muito tempo podemos ter uma perspectiva mais otimista para uma temporada seguinte. E isso, por si só, já é um grande legado.

Caio Botelho  -Sócio do Esporte Clube Bahia –