A intervenção judicial ocorrida no Esporte Clube Bahia há pouco mais de quatro anos pôs fim a um longo período de decadência e gestões temerárias. Mas ela não veio de graça: foi resultado de muitos anos de luta pela democracia. Tampouco foi fácil, na medida em que os que se empenharam nesse embate tiveram que enfrentar todo tipo de ameaças, truculência e perseguições, oriundas daqueles que não queriam devolver o Bahia para sua torcida.

A conquista da democracia, entretanto, é apenas o começo. Ainda há um longo caminho a percorrer no sentido de fazer com que o Esquadrão, que sempre foi grande fora das quatro linhas, volte a corresponder ao seu tamanho também dentro delas. Enganam-se os que consideram que isso pode ser conquistado da noite para o dia.  Os que se comportavam como “donos” do Bahia, derrotados em 2013, apenas não conseguiram fechar as portas do Clube porque a torcida não o abandonou em nenhum momento, mesmo na terceira divisão. Mas os rombos que causaram nos prejudicam até os dias atuais – a começar pela dívida colossal herdada e que compromete boa parte do orçamento.

Estamos às vésperas de mais um processo eleitoral para a diretoria executiva e conselho deliberativo. Será apenas a terceira eleição efetivamente livre dos nossos 86 anos de história – as duas primeiras ocorreram em 2013, ano da intervenção, e 2014, quando foi eleito o atual presidente, Marcelo Sant’Ana e o vice, Pedro Henriques.

É natural que nas próximas semanas os ânimos se acirrem e o clima de campanha contagie os diversos grupos e torcedores. Isso também faz parte da democracia e é uma coisa boa, mas desde que todos os envolvidos tenham responsabilidade com os rumos do Bahia. Eleição é coisa séria e não pode ser tratada como uma gincana escolar.

Temos a convicção de que os sócios vão saber separar as boas ideias e propostas viáveis das promessas eleitoreiras desconectadas da realidade, diferenciar as críticas saudáveis das posições oportunistas e, principalmente, valorizar quem efetivamente se propõe a um debate qualificado em detrimento daqueles que desejam nivelar a discussão por baixo através, por exemplo, de calúnias destiladas em programas vinculados aos que sentem saudades dos tempos do jabá (coisa que infelizmente tem ocorrido).

Os que precisam se referir a grupos adversários de forma pejorativa para expressar um ponto de vista só conseguem atestar, na prática, a incapacidade para um debate em torno de propostas, e não de agressões.

Gestores e conselheiros passam, mas o Bahia fica. Características como responsabilidade, compromisso, transparência e profissionalismo, dentre outras, são fundamentais para que continuemos a andar pra frente, sem retroceder e nem cair no canto da sereia das promessas fáceis, sempre no embalo da canção que diz: “se muito vale o que foi feito, mais vale o que será”.

 

Caio Botelho – Sócio do Esporte Clube Bahia